domingo, 15 de janeiro de 2012

Pele

Tem textura em seu corpo.
Estrias.
Pele alva, branca, púrpura.
Vem tremendo de desejo.
Repele a busca.
Cessa a sede parca,
Goteja desejos em meus lábios.
Transpira dor e silêncio.
Transfere para mim todo o prazer
Que jamais sentiu.

Músicos

E cantam os músicos descompassadamente.
Erram os acordes.
Pecam pelos excessos.
Regurgitam letras.
Silenciam-se.

sábado, 7 de janeiro de 2012

O mal do OK

Acho que o OK é algo morno demais. Sem tempero demais. É como se o médico dissesse que você vai morrer em dois dias e você dissesse “OK!”. Por que não há revolta? Por que não há comiseração? E também não há tranqüilidade neste OK. Não há vontade.
Não há vontade de lutar. Não há vontade de viver ou reviver. É só OK.
Uma indiferença maior está embutida neste simples símbolo importado. Vem um sentimento de derrota incrustado que não empolga, que não diz a que veio. Quando se tem algo a dizer, até um “Beleza!” diz mais coisas a respeito. Ou um simples “Não!”.
A revolta ou a aceitação das coisas tem que vir com sentimento, com verdades. “Ok, te ligo!”, ninguém vai te ligar. A não ser a operadora de telefonia para dizer que seu telefone vai ser cortado.
“Ok, a gente se vê!” denota que haverá a possibilidade de cruzarem-se na rua por acidente e fingir que não se conhecem.
E há outras variantes tão blasé, tão mornas, tão sem sentimentos, que é preferível ouvir “Até um dia, foi um prazer!”.