quarta-feira, 5 de junho de 2013

Efêmero

Deseja que tudo termine
Em apenas um dia.
Quer andar até a Lua
Ou até mesmo conhecer Plutão.
Quer caminhar pelo vale dos mortos,
Ou tocar acordeom para um velho surdo.
Quer abraçar o mundo apenas por um segundo.

Deseja que tudo comece
Em apenas um dia.
Estourar todas as bolhas de sabão
Ou embalar todas as bolas de um canhão.
Quer conhecer Paris
Mas ainda nem saiu fora de si.
Quer abraçar todo mundo apenar por um segundo.

Deseja que tudo feneça
Em apenas um dia.
Não pra cuidar de algo,
Mas pra ver como tudo enfim, termina.
Quer tocar com mãos impacientes
Flores artificiais.
Quer aprender taxidermia em mim.

Deseja que tudo apareça
Em apenas um dia.
Quer uma grande paixão e uma triste despedida.
Quer visitar os parentes desaparecidos.
Ler todos os livros
E rimar todas as palavras do dicionário.
Menos o amor.

Passante

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
Não há rastros
Nem motivos para olhar para trás.
Se olhar, nem se arrependerá.
Haverá destruição!
Então será melhor que não olhe.
Vão se reerguer como sempre.
Menos você.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
Há neblina cobrindo o caminho.
Há fogo encobrindo seus rastros.
Poderia ao menos ter me deixado integro.
Vá, passe!
Todos passam!
O que deveria permanecer intacto,
Você destruiu.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
O que se há de fazer?
Recolher restos,
Atar o peito arfante em gaze.
Esperar o fim deste torpor.
Não se preocupe em esconder seus rastros.
Não te seguirei.
Não pactuarei com sua conduta
De destruição em massa.
Não quero que dilacere o que sobrou de meu corpo.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, você não pode ficar.
Mesmo que eu queira.
Mesmo que eu arda
À espera do seu golpe final.
Mesmo que eu goze
Com um punhal encravado no peito.
Sim, pode passar!
Vá, sou sua maior destruição.
Quase uma hecatombe.
E meu último desejo
Você não quer ouvir.
Por isso invade e passa...
Mesmo que eu peça que fique...

segunda-feira, 3 de junho de 2013

Volúpia

Tem dias movidos à vazios.
Conversas vazias.
Copos vazios.
Olhos vazios.
Repetição de finos tratos
Degustam restos como ratos.
Erram em manter o anonimato!
Vou pra Zona.
Ser puta, franca em Manaus.
Morarei numa casinha de sapê!
Atirarei carne aos ladrões!
E mesmo assim haverá o meu vazio.
o vazio do meu sexo em meu corpo nu.

Preencha meu vazio
Com suas mãos incandescentes.
Deixe espaço para esse vão recorrente
Que meu coração vai querer.
Serei a puta mal paga,
A mal pagadora de promessas.
Serei a puta chamariz pro golpe na praça.
A mulher gazela
Que te gela numa noite em Paris.
Mas seja você
Algo que torne meu vazio grandioso e intenso.