quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Pode ser...

Pode ser que haja mais do que esses tons nus.
Uma viagem no tempo, sempre futuro.
Já conheço demais meu passado e sei até onde ele me leva...
Onde quer que eu vá, o passado estará lá.
Impregnado em minha pele, até os ossos.

Pode ser que haja mais destes tons nus.
Um desejo calado por mãos calosas...
Mãos do passado caindo em lábios desejosos
Por um corpo trêmulo e descarnado,
Sentindo a falta de promessas e sonhos,
Impregnado em minhas víceras, até os poros.

Pode ser que haja menos destes tons nus.
Transforme meus pequenos mundos num único
E que jamais seja só... ou um só.
Passado será guardado em grandes baús.
Deverei dobrá-los em lembranças tênues
Impregnado de agradecimento e resignação.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Ao direito...

Me reservo ao direito de te dedicar ódio.
Não o ódio vazio de um coração partido...
Nem tão pouco um sentimento gratuito!
É aquele ódio em espasmos, que só vem quando penso.
Só se incendeia aos poucos mas nunca chega a incandescer.

Me reservo ao direito de te dedicar ódio.
Não o ódio revolucionário...
Nem tão pouco um sentimento em vão!
É aquele ódio para te manter vivo dentro do meu peito frio.
Mas nem chega a te derreter.

Me reservo ao direito de te dedicar ódio.
Não o ódio sanguinário...
Nem tão pouco um sentimento torturador.
É aquele ódio em cortes, que só sangra poucas gostas,
Que jamais se cura e nem expõe a carne crua.

Me reservo ao direito de te dedicar ódio.
Porque sou masoquista... e quando sangro me sinto vivo.
Mas não um vivo que pulsa...
Nem tão pouco sente dor...
Um vivo anestesiado que só odeia por que sofreu.