terça-feira, 28 de maio de 2013

Silêncio

E

Enfim

silêncio

o momento

em que a água

se prepara para a gota

tépida, inodora, quase incolor.

Silêncio ao Sol, sob a chuva

Em gotas mornas, densas,

Aquosas, quase mudas.

E esparramar no chão.

Morrer nos lábios.

Sofreguidão.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Simples

Há coisas simples que me contentam.
Um sorriso sincero.
Um copo de água.
Temperatura ambiente, por favor!
Um beijo roubado.
Uma brisa leve em meu rosto.
O cheiro de banho tomado.
O gosto do café.
Um banho demorado.
O afago do primeiro encontro.
 
Há coisas simples que me satisfazem.
Um sorriso amigo.
Uma limonada.
Gelada, por favor!
Um beijo amado.
Um banho de sol.
O cheiro de café coado neste exato momento.
Um banho acompanhado.
O afago do despertar.
 
Há coisas simples que me confundem.
Um sorriso tímido.
Uma boca em meu copo.
Quente, por favor!
Um beijo esperado.
Uma brisa roçando um corpo
De banho tomado.
O café da manhã.
O afago do adeus.

sábado, 11 de maio de 2013

Nua anormalidade

Despi-me como se houvesse algo dentro de mim...
Me corroendo.
Corri com dedos ásperos pelo meu corpo,
Como se pudesse extirpar a dor e a fúria.
Arranquei a língua e sexo.
O pulmão soprei contra o vento.
Voou pelas negras nuvens.
Não voltou.
Parei de sentir o ar...

Não ouvi mais lamúrias.
Não vi mais o mundo.
Não verti mais lágrimas.

Despi-me com voracidade como se labaredas me incendiassem por dentro.
Intestino. Fígado. Baço.
Uma espinha dorsal tão retorcida pelo peso do que havia dentro de mim.
Ossos.
Músculos.

Coração.
Esmaguei-o.

Parou.

Continuei a sentir-me corroído.
Lapidado em carvão moído.
Dilacerado por estar tão nu e sem tato.
Olfato ou visão.

Mas não tive coragem de retirar o cérebro.
Não matei minhas ideias.
Mas também não tateei meus medos.
Aceitei estar sem chão.
Busquei o que sempre existiu em mim.

Rastejei atrás do que me resta.
Aceitei meu fardo.
Revivi.
Coloquei meu coração de volta ao peito nu
E esperei.