sábado, 11 de maio de 2013

Nua anormalidade

Despi-me como se houvesse algo dentro de mim...
Me corroendo.
Corri com dedos ásperos pelo meu corpo,
Como se pudesse extirpar a dor e a fúria.
Arranquei a língua e sexo.
O pulmão soprei contra o vento.
Voou pelas negras nuvens.
Não voltou.
Parei de sentir o ar...

Não ouvi mais lamúrias.
Não vi mais o mundo.
Não verti mais lágrimas.

Despi-me com voracidade como se labaredas me incendiassem por dentro.
Intestino. Fígado. Baço.
Uma espinha dorsal tão retorcida pelo peso do que havia dentro de mim.
Ossos.
Músculos.

Coração.
Esmaguei-o.

Parou.

Continuei a sentir-me corroído.
Lapidado em carvão moído.
Dilacerado por estar tão nu e sem tato.
Olfato ou visão.

Mas não tive coragem de retirar o cérebro.
Não matei minhas ideias.
Mas também não tateei meus medos.
Aceitei estar sem chão.
Busquei o que sempre existiu em mim.

Rastejei atrás do que me resta.
Aceitei meu fardo.
Revivi.
Coloquei meu coração de volta ao peito nu
E esperei. 

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