quarta-feira, 5 de junho de 2013

Passante

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
Não há rastros
Nem motivos para olhar para trás.
Se olhar, nem se arrependerá.
Haverá destruição!
Então será melhor que não olhe.
Vão se reerguer como sempre.
Menos você.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
Há neblina cobrindo o caminho.
Há fogo encobrindo seus rastros.
Poderia ao menos ter me deixado integro.
Vá, passe!
Todos passam!
O que deveria permanecer intacto,
Você destruiu.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, já passou!
O que se há de fazer?
Recolher restos,
Atar o peito arfante em gaze.
Esperar o fim deste torpor.
Não se preocupe em esconder seus rastros.
Não te seguirei.
Não pactuarei com sua conduta
De destruição em massa.
Não quero que dilacere o que sobrou de meu corpo.

Boa tarde!
Posso passar?
Enfim, você não pode ficar.
Mesmo que eu queira.
Mesmo que eu arda
À espera do seu golpe final.
Mesmo que eu goze
Com um punhal encravado no peito.
Sim, pode passar!
Vá, sou sua maior destruição.
Quase uma hecatombe.
E meu último desejo
Você não quer ouvir.
Por isso invade e passa...
Mesmo que eu peça que fique...

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