Alergias, resfriados e kilos a mais

Hoje eu tive a vontade de comer tudo que tinha pela frente, chegar aos 300 kilos e explodir. Queria me ver explodindo, voando aos pedaços, tipo um gordo-bomber.

É a síndrome do "que que eu vim fazer no mundo, porra?". Saca. Já passou por isso... todo mundo já passou por isso.

Mirmã pegou uma alergia de um pastel assassino. Ai um guri está fugindo dela porque acha que é sapinho. Criança, não me erra desse jeito! Sapinho só pega em recém-nascido. E essa fimose que você tem, na punheta, sai!

Que saco!

E eu não posso beber caipirinha. Posso até beber álcool Zulu, mas caipirinha, não! Meu! Quase chapei hoje com meia caipirinha. Estou desconfiado que eu sou alérgico a limão. Só pode ser!

E já estou me imaginando, num futuro não tão longínquo, frequentando as reuniões do AA. É sério! Meu, saca! Solteiro e alcóolatra. Não pode ser pior! Só falta eu comprar um gato! Uma dúzia de gatos!

E eu ainda quero explodir!

Ontem fui tomar a H1N1... por que esse nome? Suína era tão melhor! Tão mais suína!

Mas enfim, quero que se exploda também.

Ai estava eu, deprimido e cabisbaixo, quando vi uma fila. Meu, pirei na fila! Eu tinha que participar daquela reunião de gente pobre tomando vacina de graça. Que eu ia pra posto de saúde? Meu cu! Tava lá, com aquele povo todo suado voltando do trabalho. Decidi tomar. O máximo era uma picadinha...

Fui lá.

Joguei meu cabelo de lado e fui o terceiro a entrar na fila.

Lindo!

Ela: No braço esquerdo!

Eu: Mas eu sou canhoto!

Ela: Tá. Do lado esquerdo!

Eu: Mas vai ficar dolorido!

Ela: É do lado esquerdo. Você vai ter que abrir a blusa.

Lá vou eu tirar a gravata. Afrouxar o colarinho. Abrir dois botões da camisa.

Ela: Mais!

Eu: Mais? - Assustado. Era no metrô. Tanta gente passando ali e olhando para aquele bando de gente pobre tomando vacina de graça.

Ela: Mais um botão... Vai ter que tirar a camisa pra fora da calça.

Eu: Hã?

Ela: Mais!

Gente. Ela queria me ver nu (talvez a única na face da Terra!)

Faltava um único botão.

Ela: Mais!

PAGUEI PEITINHO!

Morri de vergonha! E meu braço ainda está doendo. Vou processar essa enfermeira por danos morais. E viva a suína!

E descobri que escrever nu em pelo tem sentido de libertação!

Ando muito amarrado, saca? É gravata, é crise dos 35, é a palpitação.

Fora todo o resto que vem com a idade: medo da solidão, medo de baratas, andar sem direção, ir na contramão.

E meu, é tudo fase. E esse medinho que a gente sente... meu: FODA-SE!

Não tô revoltado, tô de resseca!