quarta-feira, 14 de abril de 2010

Um anjo caiu do céu...

Aos que conhecem essa história, minhas humildes desculpas. Mas sempre gosto de contá-la pois trata-se de uma passagem pueril, singela da minha triste infância feliz.
Eu, pequeno e frágil, vivia doentinho (engole o choro!). Minha mãe, católica e desesperada, fez uma promessa que eu DEVERIA PAGAR ao completar sete anos. Rumamos para Aparecida e eis que, ao chegar lá, a minha transformação começa: a aoréola de strass, a túnica de cetim branco, as sandálias de couro e... ASAS DE PENA DE GALINHA BRANCA. Minha mãe me vestiu de anjo. E eu, crente que iria voar.
Subi triunfante as escadarias da igreja, andei pelos corredores fazendo questão de me mexer bastante para que as asas batessem, olhava para os lados para que as pessoas me vissem (isso em meu sonho, porque estava morrendo de vergonha, encolhido e me sentindo um pinto). LINDO! E de repente, uma menininha um pouco menor que eu, puxa a mão da mãe, aponta seu dedo gordinho para mim e grita:

- Mãe, olha a noiva!

Mãe é assim. Fazer!

Ainda bem que minha mãe não sismou que eu deveria dançar e não me vestiu de Carmem Miranda...
E talvez por isso eu carregue essa aura de pureza até hoje. Eu fui anjo por um dia! E isso está dentro de mim!
A pára! Nem eu acredito nisso!
Ah, e anos mais tarde, uma professora de literatura me apelidou de Carmem Miranda dos Pobres... Hoje se ela me visse, me chamaria de Madre Teresa... as coisas mudam, 'fessora!

Acho incrível o que as mães fazem com os seus filhos durante esse processo de formação de caráter. Toda criança tem foto desdentada, vestindo terninho... a foto do primeiro banho. Se eu não me engano minha mãe guarda meu umbigo até hoje, meu primeiro dente virou pingente de uma correntinha, já comi bicho de amendoim, grudaram meu cabelo numa madeira, queimaram meus mamilos com incenso (isso não foi tão ruim!), já tomei sangue de carpa, chá de algas que se multiplicavam com chá preto... hummmm, o que mais?

E claro que depois de tantos micos sucessivos a gente acaba criando nossos próprios micos. Já fui Chapolim Colorado numa peça de teatro da escola, um bebê que andava de fraudas e ao final da peça sujava a cara de tinta azul...

Nossa, lembrei que quando eu era criança eu tinha uma fantasia de elefante. Era toda em laranja e azul. A tromba era cheia de algodão... o que me fazia espirrar. Na verdade, eu sempre quis a fantasia do Batman. Eu gosto daquela sobreposição de preto e azul, com detalhes em amarelo e a máscara... hummmm!!! Aquela roupa colante, aquele peito malhado, as pernas fortes... tá, tá, vocês já entenderam.
Eu lembro também que eu tinha o Falcon. Lembram? E eu adorava lavar a roupinha dele, que era camuflada, porque eu iamginava que ela estava sempre suja de terra. Eu o pegava pelos bracinhos magros e desfilava com ele pela casa... E ele só de cueca! Tem uma foto minha, de quando eu era criança, fazendo pose, sem camisa... aliás, de cuequinha do Superman (que eu não gosto!) segurando um dentinho. Parece foto de ensaio da G Magazine. Mas estou lá, firme e forte com um sorriso banguela me achando UMÁXIMO!
Criança é assim! Tudo é uma festa! Ainda bem que eu sobrevivi!
Meu sonho era ter um Ken. Mas nem a Barbie eu cheguei a ter. Na verdade eu gostava de brincar com minha prima e fazia meu Falcon de cuecas ser o melhor amigo do Ken de bermuda sem camisa... e eu gostava de puxar o cabelo da Barbie e falar que ela era feia.

Porque o bonito era eu!

Um comentário:

  1. hahahahahahahahahah!!! Afff...Esse foi o melhor!!! Ai amigo...Só você mesmo pra me fazer rir numa fria manhã de domingo onde eu estou tendo que lavar roupa!!!

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